Há alguns anos atrás li um livro do escritor alemão Johanes Marius Simmel intitulado “Só o vento sabe a resposta”, que, embora dissesse ser uma obra de ficção, poderia bem ter sido baseado em acontecimentos reais. A história conta a descoberta, por um jornalista, de uma grande trama mundial envolvendo as sete pessoas mais ricas do mundo, que do alto de seu poderio financeiro, manipulavam os preços de quase tudo ao seu bel prazer, conseguindo dessa forma cada um amealhar ainda mais riqueza e poder. Quando descobrem que são descobertos nesse esquema, começam a eliminar quem atravessa o seu caminho, começando por atingir a pessoa do jornalista através do assassinato de sua namorada. O jornalista, ciente do perigo que corre, registra todas as suas descobertas num cartório de uma cidadezinha da França e incumbe um amigo de que, caso lhe aconteça alguma coisa, divulgar na imprensa mundial os documentos.
O jornalista também é assassinado e este amigo vai à procura dos documentos na cidadezinha francesa e descobre que não existe mais documento algum, simplesmente tinham desaparecido, que esses poderosos já tinham dado um jeito de sumir com tudo. Daí o título do livro, de que tudo continuava como antes e que só o vento sabia a resposta.
Vamos voltar aos dias atuais. Hoje (20/11/2008) vejo uma notícia de que o barril de petróleo baixou para 50 dólares em New York, quando, tempos atrás, se os senhores e senhoras bem lembram, beirava a casa dos 140 dólares. Porque será que de uma hora pra outra o petróleo baixou tanto assim de preço? Geralmente, quando a produção aumenta, o preço cai. Mas no caso do petróleo li também que vários países diminuíram a produção, o que contradiz a teoria econômica da oferta e da procura. E esta crise mundial que anda afetando todo mundo, será que está afetando todo mundo mesmo? Ou não será apenas mais uma jogada “dos mais ricos, dos poderosos”?
Que tem gente ganhando com a crise, e muito, isto não resta dúvida. Enquanto isso, nós pobres mortais, alheios aos jogos de interesse dos poderosos, acabamos pagando a conta, com juros mais altos, comida mais cara, desemprego e outras mazelas que nos afetam diariamente. Não é estranho como de repente o preço de um produto dispara e daí a pouco o preço cai lá embaixo? Ou vice-versa? Já pararam pra pensar nisso? Pois é, nós estamos tão entretidos e atarefados em conseguir levar comida pra casa, em dar um pouco de conforto para nossas famílias (as vezes, com sacrifício) que não paramos pra pensar nessas coisas. E quando pensamos, na maioria das vezes, ficamos com medo de berrar, fazer alguma coisa contra, por medo de acontecer a mesma coisa que aconteceu ao jornalista do livro. E assim vamos levando a nossa vidinha, sem muita esperança, sem grandes perspectivas, sendo engolidos por esse sistema chamado capitalismo, que só valoriza quem tem poder e dinheiro. E os poderosos faturando milhões, bilhões, a custa da desgraça, promovendo suas guerras, vendendo seus canhões, suas metralhadoras, seus tanques, usando suas drogas e entre um negócio e outro, fazendo seus cruzeiros pelo Caribe, pelo Mediterrâneo e gastando o dinheiro fácil conseguido muitas vezes com o sacrifício de milhares de vidas.
Esse é o mundo em que vivemos e, certamente, assim como no livro, sobre muitas coisas que acontecem, também nunca saberemos a resposta.